BLOGUE: axasteoquê ?!?
Dos Comics Aos Movies – A Lista de Moura
1 Watchmen
Durante duas décadas considerada irrealizável, a obra-prima de Alan Moore chega, não pelas mãos de Terry Gilliam, Paul Greengrass ou Darren Aranofsky (inicialmente ligados ao projecto), mas pelas de Zack Snyder, que antes fizera 300 espartanos jantarem no Inferno. Realidade alternativa de grande complexidade, abre o pano, num dos genéricos mais inspirados de sempre, a duas gerações de super-heróis, actividade entretanto ilegalizada. Uns passaram à clandestinidade, outros à reforma. A morte de um deles faz com que outro inicie uma investigação, doe a quem doer. Havia demasiada história para a versão comercial condensar, mas as extended versions deram conta do recado. A ver, por todas as razões.
2 Batman Begins
Tim Burton banqueteara-se no território gótico como ninguém, mas Michael Keaton não era páreo para Christian Bale. Christopher Nolan vinha do film noir e misturou o género com o Cavaleiro Negro de Frank Miller, no ano em que Miller também regressou ao cinema, com Sin City. Lamenta-se, apenas, a máscara que contrai as bochechas de Bruce Wayne e o faz falar como se tivesse um speech impediment, os combates corpo-a-corpo perderem-se completamente nos close-ups e a mera presença de Katie Holmes (yuhu Maggie Gyllenhaal!).
3 Blade II
Havia planos para Wesley Snipes ser Pantera Negra, mas Blade chegou primeiro e o rei de Wakanda ficou em development hell até hoje. Blade (1998) foi interessante, mas Stephen Dorff não era adversário à altura; metade do duo de gémeos da canção pop dos anos 80, Bros, é outra história. Foi necessária toda uma equipa de caçadores de
vampiros, mas Blade é um líder nato. Visualmente emocionante, pela habilidade de Guillermo del Toro combinar CGI com imagem real, o filme conta com artes marciais bem coreografadas e efeitos especiais que seguem a narrativa sem se sobreporem. O melhor filme da trilogia.
4 Sin City
Revolução gráfica como nunca antes tinha sido vista. Robert Rodriguez convenceu Frank Miller a voltar ao cinema (desde a vergonha de RoboCop 2 que este virara costas à sétima arte), o que escusavam era ter junto três graphic novels num só filme, quando The Hard Goodbye teria sido suficiente e permitiria que o bom vinho respirasse, em vez de as narrativas se atropelarem umas nas outras. Marcou o regresso de Mickey Rourke.
5 300
Uma das menos inspiradas graphic novels de Frank Miller, mas é impossível parar o inevitável e desde Sin City que o nome do criador de Elektra voltara a ser ouro. Zack Snyder faz o impossível e transformou as cores desmaiadas de Lyn Varley (esposa e colorista das graphic novels do marido) numa explosão de testosterona e câmaras
lentas tão assombrosas que até a sátira Uns Espartanos do Pior consegue alguns momentos engraçados, melhores do que The Spirit, prestação com que o nome de Frank Miller voltou ao pó.
6 Hellboy
Com o sucesso de Blade II, Guillermo del Toro pôde apostar numa velha paixão e escolheu Ron Perlman para protagonizá-la, um actor tão feio que, sempre que protésicos de látex foram dispensados, fez de vilão (Alien Resurection e Blade II). Com dois chifres cortados em vez da juba de roqueiro da série A Bela e o Monstro, Perlman esteve como peixe dentro de água, ao lado de Abe, esse ser aquático que se tornou
inteligente por ingestão de cloro de piscina. Del Toro fez um trabalho fantástico, só se desleixando na sequela.
7 V for Vendetta
“Um povo não deveria recear o seu Governo, o Governo é que deveria recear o seu povo”. Com um recado destes, um misterioso Guy Fawkes e uma Nathalie Portman careca não são senão bónus. A dicção impecável de Hugo Weaving, então, é a cereja no topo do bolo. O universo de George Orwell (1984) contava agora com um vingador misterioso, capaz de fazer chegar a mensagem de unidade às massas e uma greve geral às ruas. Nunca tal mensagem foi tão actual.
8 Iron Man
Robert Downey Jr. faz de Tony Stark e, por muito que o Homem de Ferro até esteja bem animado e a luta final contra o Monge de Ferro convença (não se via um robô assim desde o vilão de RoboCop 2), é o actor que é bigger than life. Um autêntico espectáculo de interpretação daquele que conheceu mais vezes as grades do que as câmaras. Há que adorar quem dá a volta por cima.
9 Constantine
Exorcista canceroso mas carismático, assim é Keanu Reeves, que depois de ser Neo tem agora Deus e o Demónio a puxarem-no cada um pelo seu lado, quando ele queria só puxar de um cigarro. A história está bem urdida e estruturada, a espaços raiando o ridículo mas nunca tropeçando lá para dentro. São os efeitos especiais o que mais atraiçoa o projecto, mas este é daqueles exemplos em que tal pode relevar-se, compensados que estão pelo ritmo bem cadenciado e por enquadramentos verdadeiramente inspirados. Rachel Weisz, essa deusa, está maravilhosa.
10 A History of ViolenceA primeira de três colaborações entre Viggo Mortensen e David Cronenberg fez-se em território pré-desenhado, ganhando com uma tradução literal ao título, já que é de historial de violência que se trata. Conseguirá um homem violento mudar de vida e ser devoto da paz? Ou fará a agressão tão parte de si que a negação é mera futilidade? É este o cerne de um estudo ao espírito humano que pode conduzir à paráfrase de um título de Wim Wenders, poderá pôr-se fim à violência? Durante quanto tempo? Chhhh….
Durante duas décadas considerada irrealizável, a obra-prima de Alan Moore chega, não pelas mãos de Terry Gilliam, Paul Greengrass ou Darren Aranofsky (inicialmente ligados ao projecto), mas pelas de Zack Snyder, que antes fizera 300 espartanos jantarem no Inferno. Realidade alternativa de grande complexidade, abre o pano, num dos genéricos mais inspirados de sempre, a duas gerações de super-heróis, actividade entretanto ilegalizada. Uns passaram à clandestinidade, outros à reforma. A morte de um deles faz com que outro inicie uma investigação, doe a quem doer. Havia demasiada história para a versão comercial condensar, mas as extended versions deram conta do recado. A ver, por todas as razões.
2 Batman Begins
Tim Burton banqueteara-se no território gótico como ninguém, mas Michael Keaton não era páreo para Christian Bale. Christopher Nolan vinha do film noir e misturou o género com o Cavaleiro Negro de Frank Miller, no ano em que Miller também regressou ao cinema, com Sin City. Lamenta-se, apenas, a máscara que contrai as bochechas de Bruce Wayne e o faz falar como se tivesse um speech impediment, os combates corpo-a-corpo perderem-se completamente nos close-ups e a mera presença de Katie Holmes (yuhu Maggie Gyllenhaal!).
3 Blade II
Havia planos para Wesley Snipes ser Pantera Negra, mas Blade chegou primeiro e o rei de Wakanda ficou em development hell até hoje. Blade (1998) foi interessante, mas Stephen Dorff não era adversário à altura; metade do duo de gémeos da canção pop dos anos 80, Bros, é outra história. Foi necessária toda uma equipa de caçadores de
vampiros, mas Blade é um líder nato. Visualmente emocionante, pela habilidade de Guillermo del Toro combinar CGI com imagem real, o filme conta com artes marciais bem coreografadas e efeitos especiais que seguem a narrativa sem se sobreporem. O melhor filme da trilogia.
4 Sin City
Revolução gráfica como nunca antes tinha sido vista. Robert Rodriguez convenceu Frank Miller a voltar ao cinema (desde a vergonha de RoboCop 2 que este virara costas à sétima arte), o que escusavam era ter junto três graphic novels num só filme, quando The Hard Goodbye teria sido suficiente e permitiria que o bom vinho respirasse, em vez de as narrativas se atropelarem umas nas outras. Marcou o regresso de Mickey Rourke.
5 300
Uma das menos inspiradas graphic novels de Frank Miller, mas é impossível parar o inevitável e desde Sin City que o nome do criador de Elektra voltara a ser ouro. Zack Snyder faz o impossível e transformou as cores desmaiadas de Lyn Varley (esposa e colorista das graphic novels do marido) numa explosão de testosterona e câmaras
lentas tão assombrosas que até a sátira Uns Espartanos do Pior consegue alguns momentos engraçados, melhores do que The Spirit, prestação com que o nome de Frank Miller voltou ao pó.
6 Hellboy
Com o sucesso de Blade II, Guillermo del Toro pôde apostar numa velha paixão e escolheu Ron Perlman para protagonizá-la, um actor tão feio que, sempre que protésicos de látex foram dispensados, fez de vilão (Alien Resurection e Blade II). Com dois chifres cortados em vez da juba de roqueiro da série A Bela e o Monstro, Perlman esteve como peixe dentro de água, ao lado de Abe, esse ser aquático que se tornou
inteligente por ingestão de cloro de piscina. Del Toro fez um trabalho fantástico, só se desleixando na sequela.
7 V for Vendetta
“Um povo não deveria recear o seu Governo, o Governo é que deveria recear o seu povo”. Com um recado destes, um misterioso Guy Fawkes e uma Nathalie Portman careca não são senão bónus. A dicção impecável de Hugo Weaving, então, é a cereja no topo do bolo. O universo de George Orwell (1984) contava agora com um vingador misterioso, capaz de fazer chegar a mensagem de unidade às massas e uma greve geral às ruas. Nunca tal mensagem foi tão actual.
8 Iron Man
Robert Downey Jr. faz de Tony Stark e, por muito que o Homem de Ferro até esteja bem animado e a luta final contra o Monge de Ferro convença (não se via um robô assim desde o vilão de RoboCop 2), é o actor que é bigger than life. Um autêntico espectáculo de interpretação daquele que conheceu mais vezes as grades do que as câmaras. Há que adorar quem dá a volta por cima.
9 Constantine
Exorcista canceroso mas carismático, assim é Keanu Reeves, que depois de ser Neo tem agora Deus e o Demónio a puxarem-no cada um pelo seu lado, quando ele queria só puxar de um cigarro. A história está bem urdida e estruturada, a espaços raiando o ridículo mas nunca tropeçando lá para dentro. São os efeitos especiais o que mais atraiçoa o projecto, mas este é daqueles exemplos em que tal pode relevar-se, compensados que estão pelo ritmo bem cadenciado e por enquadramentos verdadeiramente inspirados. Rachel Weisz, essa deusa, está maravilhosa.
10 A History of ViolenceA primeira de três colaborações entre Viggo Mortensen e David Cronenberg fez-se em território pré-desenhado, ganhando com uma tradução literal ao título, já que é de historial de violência que se trata. Conseguirá um homem violento mudar de vida e ser devoto da paz? Ou fará a agressão tão parte de si que a negação é mera futilidade? É este o cerne de um estudo ao espírito humano que pode conduzir à paráfrase de um título de Wim Wenders, poderá pôr-se fim à violência? Durante quanto tempo? Chhhh….
Continuo a considerar o Watchmen demasiado "reverente" à sua fonte literária, o que, na minha opinião, não abonou a favor da sua qualidade cinematográfica.
ResponderEliminarMas percebe-se que esta é a escolha de um verdadeiro fã de Alan Moore :)
Cumps cinéfilos.
Obrigado Ricardo pela tua participação e ao Samuel pelo comentário ;)
ResponderEliminarO pecado do Watchmen, é que na versão normal (a de cinema) e a Director's Cut, não conseguiu transpor tudo o que se encontra na obra original. A que fica mais aproximada disso é a versão Collector's Edition onde juntaram uma parte da história em animação.
ResponderEliminarToda a lista é verdadeiramente inatacável. Nada a apontar... e gosto de ver o Constantine a ser valorizado (mas já não cabia na minha lista)... Well done!