quarta-feira, 18 de abril de 2012

TOP 10 BD de Armindo P. Ferreira do Ecos Imprevistos


A 7ª arte tem uma relação muito interessante com o mundo da banda-desenhada. Se em termos de adaptações tanto podem criar filmes que apenas se inspiram nas personagens como também podem ser o mais fieis possíveis à arte das páginas. Contudo, ambas têm linguagens próprias, sendo que muitas das vezes se percebe que mais do que adaptar ou transpor para cinema, também há a preocupação (ou não) em adequar o melhor possível estes dois tipos de expressão cultural para cada meio, mesmo que o resultado seja até diferente da matéria originais.

10 exemplos de adaptações… e várias menções honrosas ao longo da lista.

1- "Batman Begins"

Com o realizador Christopher Nolan, a mítica personagem da DC Comics,
o Batman, recebeu uma abordagem à sua altura e moderna. Sendo este um
super-herói sem super-poderes, esta adaptação muito inspirada na
graphic novel de Frank Miller "Batman: Year One", recua até à fase de
origem do homem morcego e cria razões a tudo aquilo que faz desta
personagem tão famosa, memorável e, em consequência disso, dos
inimigos que se vê obrigado a travar.
Nolan, constrói aqui uma tremenda e analítica hiper-realidade, que
muito favoreceu esta obra, que é um inicio de uma trilogia (que será
memorável).
+ Merecida atenção também a: "The Dark Knight" que elevou ainda mais a
fasquia da qualidade aos superhero-movies.

2- "Sin City"

Robert Rodriguez conseguiu não só o acto de simplesmente adaptar para
live-act mas mais importante que isso transpor para imagens em
movimento as histórias de Sin City, de uma forma inovadora e
visualmente irrepreensível (onde as páginas da BD foram usadas como
storyboards dos planos do filme). Sin City atinge uma perfeição que
levanta algumas questões sobre o que poderá então ser uma boa
adaptação: a fidelidade exacta ao material de origem para em nada
trair a base de origem perante a questão de o exercício resultar numa
boa obra cinéfila ou não (neste caso, a subversão da linguagem
cinéfila). Para mim Rodriguez foi astuto em ter intercalado com
dinamismo os arcos narrativos das 4 histórias, juntando a soma de
todas as partes para a condução da progressão do filme.
+ Merecida atenção: esta técnica ganhou em Zack Snyder um forte
seguidor, que igualmente inspirado também adaptou magnificamente obras
como "300" e "Watchmen".

3- "X-Men 2"

Quando surgiu X-Men 1, temia o pior. Que não fosse possível ver em
live-act personagens tão carismáticas como as (imensas) do universo
X-Men. No primeiro filme, Bryan Singer jogou cartadas de genialidade,
conseguindo  relacionar estas personagens ao nosso mundo real, sabendo
dosear atenções a cada um desta super-equipa, dando-lhes profundidade
e ao mesmo tempo conseguindo fazê-las viver para lá dos desenhos com
uma nova abordagem e sem renegar as características fantásticas e
fantasiosas que os tornam únicos. Emprestou ainda uma aproximação
deles à nossa realidade. Caso para se dizer que se no final dos anos
70 acreditamos que um homem podia voar, Singer fez-nos acreditar que
os mutuantes poderiam muito bem existir entre nós. É precisamente com
este X-Men 2 que mais me arrebata, com um apurado visual e um
argumento do mais bem-conseguido no género, que faz o filme fluir e
agradar da primeira à última cena.
+ Merecida atenção também a: "Spiderman 2" e "X-Men: First Class"

4- "Iron Man"

Uma adaptação cativante do Homem de Ferro, que soube marcar um tom de
grande entretenimento, divertido e sem com isso deixar de ser sério,
respeitar as origens da personagem e mais importante que isso,
conseguir de forma fluida respeitar as fases da sua própria evolução
(de forma pedagógica, vislumbram-se aqui os 3 iniciais fatos iniciais
deste super-herói). Com este filme a Marvel começava a traçar a sua
rota para o "The Avengers" e até ao momento continua, para mim, a
melhor incursão por cada um dos elementos da super-equipa.
Merecida atenção também a: "Thor" e ao "Hulk" de Ang Lee;

5- "Tamara Drewe"

Nem só as BDs de acção e super-heróis tendem a originar a
interessantes filmes pois também há dramas e dramédias que resultam
muito bem. No caso uma jovem jornalista que regressa á sua aldeia e
com a sua presença inspirar, motivar e abalar a vivência de todos
desde que regressa ao local onde já viveu, especialmente aos
escritores dum retiro literário. Uma dramédia-romântica, com
triângulos, ciúmes, revelações, etc que resulta num filme bastante
interessante.

6- "Ghost World"

Filme que resultou muito bem e nos ofereceu uma bela dramédia, onde a
visão da BD sobre os dramas juvenis de duas moças, a sua juventude em
fase de crescimento, o amadurecimento para a fase adulta e as opções
que tomarão para o seu futuro.
+ Merecida atenção também a: "American Splendor"

7- "Azumi"

A manga também pode resultar em boas adaptações a cinema. A Azumi é um
desses casos muito felizes, onde as artes marciais e o código dos
samurais estão bem presentes com sentido de entretenimento e num
argumento que nos conta uma boa história.
+ Merecida atenção também a: "Oldboy" (muito bom); "Speed Racer";

8- "Kick-Ass"

As graphic novels para públicos mais adultos, de grande violência,
ganham com Kick-Ass uma abordagem muito curiosa ao imaginário da BD,
aqui servido com muito humor negro à mistura.
+ Merecida atenção também a: "Road To Perdition"; "History Of Violence";

9- "Scott Pilgrim vs The World"

Uma adaptação irreverente e fervilhante, que resulta a nível visual em
criatividade sem limites. Um filme louco, hilariante, cheio de
atitude, visualmente surpreendente e faz também uma feliz união aos
video-jogos. Esta adaptação deixa um feeling de corrosão humorística e
contém ainda uma graciosa banda-sonora.

10- "Les Aventures Extraordinaires d'Adele Blanc-Sec"

Os franceses têm muita história a nível de bandas-desenhadas, sendo
bastante ricos em personagens. Adéle Blanc-Sec recebeu um tratamento
que a colocam mais no campo das aventuras, servindo aqui mais a ideia
de filme que a própria BD mas o conceito, o charme, a língua francesa
e o visual rocambolesco estão presentes para nos dar um entretenimento
bastante atractivo.
+ Merecida atenção também a: "Astérix & Obélix: Mission Cléopâtre";

Menção honrosa: The Adventures Of Tintin: Secret Of The Unicorn
Neste caso estamos perante uma adaptação híbrida, onde o uso do CGI
com motion-capture, nos dá uma nova resposta nas possibilidades da
concretização visual de imaginários muito específicos. Resultou num
filme de aventuras muito interessante e que cruza aspectos de mais do
que uma história. Em termos de adaptação é visualmente uma vitória e
aponta um novo caminho para seguir nas transposições de BD a cinema.

11 comentários:

  1. Sabia que a tua lista seria melhor que a minha!

    ResponderEliminar
  2. Esqueci-me de colocar a "Les Aventures Extraordinaires d'Adele Blanc-Sec" na minha lista!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Achei o filme superior aos livros e tudo, mas passo-me em branco ^_^

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu adorei a Adéle. E ainda bem que foi o Luc Besson a fazer para uma produção francesa... se fosse americana de certeza que não ficava com aquele resultado e depois sem a língua em francês não tinha tanta piada.

      Eliminar
  3. Seu safado, Bruno, eheheh, fizeste uma óptima lista!

    Ora bem, tentei fazer um top mas depois só as 10 posições impediam mencionar outros filmes que têm a sua valia também. Foi aí que me lembrei de juntar ao top também algumas características extra como outros estilos e origens de outros pontos e assim deixar alguns relacionados, que até poderiam facilmente ocupar o lugar dos presentes em cada ponto.

    E sim, em termos de adaptação acho o Batman Begins, mais "batman" que o "The Dark Knight" (que é um grande filme, não tenham dúvidas). O Begins também consegue não só homenagear décadas de Batman na BD como faz a graphic novell de Frank Miller, a "Year One" ganhar vida própria. E depois, facto mais importante, eu gosto dos heróis e o segundo é mais sobre vilões que o heróis. Tinha de ser então o Begins o nr 1. Awesome!

    ResponderEliminar
  4. Armindo este é o top mais batoteiro lol :P

    São todas grandes escolhas, apenas não vi Azumi e Tamara Drew.

    Quanto ao Batman é curioso que no Begins ele é capaz de deixar os vilões à porta da morte (não salva o Ra's al ghul) e no dark knight já não (ele não deixa o Joker cair), tal como ele é actualmente na BD. Porque na sua génese tenho ideia que era mais como no begins.

    ResponderEliminar
  5. Gosto do Begins em primeiro ;)

    Esperava que o Armindo pelo menos menciona-se o Batman do Tim Burton e o Superman do Ricard Donner! Sei que são dos FAV... dele.

    Não sabia era do Azumi ser uma adaptação da BD também!

    @André Marques isto no final ainda fazes um TOP dos Tops!

    ResponderEliminar
  6. Muito obrigado, Inês Santos!
    Foi o que saiu... há muitas hipóteses mas os enumerados são os que me valeram mais.
    E achei que deveria misturar super-heróis com outros bem diferentes e mais afastados.

    +

    Loot: sim, fiz uma certa batota ao lembrar mais alguns em quase todos os pontos do top.

    Sobre o comportamento do Batman sobre os vilões... a equipa do Nolan, leu com muita atenção a primeira a primeira vez que o Batman defronta o Joker. tenho essa história em BD e na realidade certas partes icónicas do filme surgem fragmentadas dessa BD.
    Exemplos: quando o joker de gabardine armadilhada se evade da reunião de gangsters, a pose com que abre a porta para escapar está lá, tem também o joker disfarçado de policia, a mesma cara atrás das grades, a ideia da cena final no predio em construção - para o Two-faces- e no salvamento por Batman na queda do Joker (aqui o Burton é que surpreendeu - deixou-o mesmo cair para a morte -deu outro dramatismo)... tudo isso estão nessa aventura, que até é bem pequena mas o Nolan soube servir-se bem e respeitar imenso a primeira introdução do Joker.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O Nolan pegou em muitas referências da BD sem dúvida. Mas este é o seu ponto incoerente, na minha opinião, entre os dois filmes. No dark knight uma questão central em Batman que o Joker explora é o facto de ele ter uma regra que não quebra. Regra essa quebrada em Begins...

      Eliminar
    2. Sim, não o dizes mal pelo teu ponto de vista. Contudo, acho que o Batman evidencia uma nuance na interpretação dessa liberdade dele em poder matar ou não. Ele não mata... não directamente às mãos dele. O Ras' Al Gul seguia no seu trem de metro... e nesse ponto ele realmente deixa-o, sabendo que isso poderá ser irreversivelmente fatal. Eu penso que a psique do Bruce Wayne, para com o seu alter-ego, foi evoluindo e como no Dark Knight já tem as boas graças de uma parte do departamento policial, há fundamento em ele não se comportar erradamente (mas a perda da noção dos limites também os vimos - ele impiedosamente até parte as pernas a um gangster).

      No Begins, a vontade do Bruce Wayne era revitalizar a cidade aos ideiais do falecido pai... no Dark Knight, batman já agitou a cidade e esta regressa gradualmente a ser mais segura, tendo o Batman um significado terminando a não se importar de carregar um fardo... e já sabemos bem as reviravoltas psicológicas e fisicas que o encontraremos no TDKRises. Vamos ver que novas nuances surgem agora com ele no limite no capitulo final.

      Eliminar
  7. Tantos comentários :D fico contente por esta iniciativa estar a gerar bons resultados ;)

    Obrigado a todos!

    ResponderEliminar